14/08/2008

Esgana: A Peste dos Cachorros



É uma das doenças mais letais em cães e altamente contagiosa.
Uma autêntica praga, a Esgana é um dos maiores pesadelos de criadores e donos de cachorros. Não se transmite ao Homem mas a sua prevalência nas nossas populações caninas seria devastadora, não fosse a eficácia da vacinação.

Altamente contagiosa, a Esgana é causada pelo Morbilivirus, vírus muito resistente ao frio pelo que a maioria dos casos de doença ocorrem no Outono e Inverno embora os animais estejam susceptíveis durante todo o ano. A taxa de mortalidade é elevada e atinge cerca de 50% dos animais afectados, especialmente cachorros.

Foi de longe a doença fatal mais comum em cães durante a primeira metade do século XX. A primeira vacina só apareceu nos Estados Unidos nos anos 40 e foi evoluindo na sua eficácia o que muito contribuiu para a diminuição da ocorrência desta doença nas populações caninas do mundo ocidental. Não é exclusiva dos cães e pode atingir espécies tão variadas como o lobo, o coiote, a raposa, o lince, o leão, a doninha e o gato embora nesta última o vírus seja diferente.

A doença é mais conhecida por afectar o cão doméstico, em que ocorre muito frequentemente e é normalmente letal causando graves prejuízos de foro emocional e económico ao dizimar ninhadas inteiras.

Transmissão

Ocorre por todas as vias possíveis: aerossóis, contacto directo entre cães e, possivelmente, através objectos contaminados. Pensa-se que o contacto com corrimentos nasais contendo o vírus é a forma de contágio mais frequente. Os viriões são eliminados nas fezes, urina e secreções de animais doentes e, raramente, de portadores sãos. Existem alguns casos que provam a transmissão transplacentária. A porta de entrada do vírus no organismo é normalmente o trato respiratório superior ou a ingestão de material contaminado.

Depois de entrar pelo nariz, o vírus dissemina-se pelas amígdalas e linfonodos regionais onde ocorre a sua replicação. Em 2 a 5 dias todo o tecido linfático do organismo pode estar afectado. Esta fase pode ser assintomática. Do 6º ao 9º dia o vírus entra em fase de virémia (em circulação no sangue), alojando-se de seguida nas células da superfície pulmonar, intestinal e da bexiga, de onde será excretado para o exterior e infectará novo hospedeiro.

Assim, a fase em que um cão começa a transmitir a doença a outros começa cerca de uma semana depois de ele próprio ter sido infectado. Nesta altura o vírus pode também alojar-se em células do sistema nervoso e provocar descoordenação motora, tremores e até paralisia. Há também excepções em que as sequelas nervosas só se manifestam mais tarde, até 3 meses depois do desaparecimento dos sintomas.

Sinais Clínicos

A doença existe em todo o mundo e são sempre os cachorros entre os 3 e os 6 meses, que já perderam a imunidade maternal mas que ainda não são imunocompetentes, os mais atingidos de forma mortal. No entanto, também os cães adultos não vacinados são susceptíveis à doença. Por volta do 7º dia após a infecção é costume o animal a apresentar-se febril. Os problemas respiratórios e intestinais são os mais notórios e incluem:

- Tosse;
- Diarreia;
- Vómitos;
- Corrimentos nasais e oculares;
- Hiperqueratose (espessamento da pele) do nariz e almofadinhas plantares;
- Cegueira, caso o vírus se aloje na retina;
- Irregularidades na superfície dos dentes podem aparecer devido a deficiente formação do esmalte.

Sintomas relacionados com o sistema nervoso central costumam seguir-se aos sinais clínicos anteriores. Os distúrbios neurológicos como a agressividade, desorientação, apatia ou convulsões são frequentes. O animal pode apresentar-se desidratado devido ao vómito e diarreia e magro e fraco por falta de apetite mas, em muitos casos, o desenvolvimento da doença é tão agudo que a forma física é mantida.

Diagnóstico

O diagnóstico da esgana baseia-se essencialmente nos sinais clínicos e na observação de corpos de inclusão específicos em células do sangue periférico ou nas secreções oculares e nasais, o que pode ser feito na clínica usando um simples microscópio óptico. No entanto, o diagnóstico definitivo só pode ser dado por análises laboratoriais usando tecidos afectados e técnicas de fluorescência em anticorpos, PCR, ELISA e isolamento viral.
Tratamento

Esta doença não tem tratamento. A única coisa a fazer é dar suporte vital ao animal de modo a que o organismo consiga ultrapassar o período crítico. Administram-se antibióticos para prevenir as infecções secundárias por bactérias, protectores intestinais, anti-eméticos e anti-diarreicos. A desidratação é corrigida pala administração de soro intravenoso. Os anticonvulsivos podem ser usados no caso de existirem afeccções neurológicas.
Prognóstico

É muito variável e depende do vírus e do sistema imunitário do animal. Depois de se iniciar a febre a doença pode progredir de diversas formas. 50% dos animais infectados morrem nas 2 semanas a 3 meses seguintes, normalmente por afecções do sistema nervoso. Os que recuperam podem desenvolver mais tarde este tipo de problemas ou não.

Os que têm apenas sintomas respiratórios e gastrointestinais podem demorar vários meses a recuperar mas ficarem completamente curados. Uma vez desaparecidos os sintomas deixam também de excretar o vírus. Há ainda a possibilidade de, em cães com um sistema imunitário poderoso, não se notarem quaisquer sinais de doença.

Controlo

Os cães que sobrevivem a um episódio de esgana normalmente ficam imunizados para toda a vida mas o melhor é verificar fazendo anualmente uma titulação de anticorpos.

O controlo da doença depende da vacinação de todos os cães, da diminuição de populações caninas errantes e da higiene que deve ser mantida na via pública. A vacina funciona bem mesmo em cães que já foram expostos ao vírus.
Assim, se suspeitar que o seu esteve em contacto com outros que possam estar doentes não hesite em levá-lo ao veterinário o mais rapidamente possível. A primeira vacina deve ser administrada entre as 6 e as 8 semanas de vida seguindo-se pelo menos 2 reforços com 3 semanas a um mês de intervalo. Depois desta primovacinação a revacinação deve ser anual.

Os cães não vacinados são susceptíveis a esta doença pelo que a vacinação anual é recomendada.

Apanhar as fezes do seu cão e exigir que os outros membros da sua comunidade façam o mesmo é dos factores mais importantes no controlo da esgana.

O vírus é facilmente inactivado pela luz do sol ou qualquer fonte de calor. Quanto à limpeza e desinfecção de objectos e superfícies que possam estar contaminados a inactivação do vírus faz-se pela formalina ou por uma solução concentrada de lixívia.

1 comentário:

ingrid disse...

Acho que meu cachorro está com esgana.
Ele está apresentando esses sintomas ha uns 3 meses...
Ele está muito mal...
Não está conseguindo andar, comer, nem beber. Ele está muito fraco. E hoje ele amnheceu com o nariz escorrendo e saindo um pouco de sangue junto a corisa.
E o pior minha situação financeira está péssima, me impossibilitando de levá-lo ao veterinário...
Gente já nãosei o que fazer...Estou desesperada...
Me ajudem...
não quero ele morra....
atenciosamente,
ingrid

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