12/08/2008

C. Leitor - Maldito veneno

Na sequência do artigo publicado pela Sra. D. Mara Gouveia, a 26 de Julho, e tantas outras pessoas que indignadas com histórias de envenenamentos resolveram dizer de sua justiça e dedicar umas linhas a este espaço, venho desta forma, e à semelhança do que já antes reportei, dizer o quanto estas situações revoltam-me terminantemente.

Essa "gente sem coração", de que fala a D. Mara, não residem apenas no Porto da Cruz mas infelizmente são ervas daninhas que proliferam a olhos vistos um pouco por toda a ilha.

Devem com certeza achar que são reis e rainhas da sua aldeia e que lá moram sozinhos. Autênticos nómadas que não permitem que nada nem ninguém invada o seu tão proclamado espaço ou que de alguma forma se atravessem no seu caminho.

Caso semelhante tem ocorrido ciclicamente à Vereda do Pico do Funcho, em São Martinho, onde, no espaço de um ano, foram envenenados 4 cães, todos eles pertencentes à mesma residência e todos com o mesmo padrão. Na calada da noite, alguns vizinhos, ressabiados e possivelmente com insónia, atiram veneno na esperança de que algum animal o ingira, e lamentavelmente, esse acto vil tem sido bem sucedido.

Não consigo imaginar a dor de uma família que, ao acordar pela manhã, vê sistematicamente este mesmo cenário de horror, nada mais lhes restando fazer senão assistirem incredulamente ao definhar dos fiéis amigos. Depois de uma noite de agonia, em poucos minutos não mais resistem e rendem-se ao efeito do maldito veneno.

Recuso-me a entender o que move este tipo de "gente" e o mais incrível é o facto de muitos destes a quem me refiro terem cães e gatos nas suas próprias residências. Já para não falar na existência de crianças!!

Atirar veneno para os quintais alheios é altamente condenável e como tal deveria ser severamente punível pela Lei. Lamentável é nunca haver provas palpáveis ou testemunhas oculares que denunciem semelhantes actos, de maneira a terminar com estes cenários de ódio e ressabiamento.

Desejo que cada um tenha o que merece, pois estou certa que a vida dá muita, mas mesmo muita volta.

Como afirmou o Sr. Donato Macedo na data em epígrafe, e a propósito das nossas festividades centenárias, "esperemos mais 500 anos de evolução, sobretudo no que concerne às mentalidades".

Xana Abreu

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