14/06/2010

SPAD com corda ao pescoço forçada a fazer cortes

Baixas receitas, muitos abandonos de animais e altas despesas ditaram actual situação

 Em média, a SPAD alimenta cerca de 300 animais por dia, fruto dos abandonos que não cessam

Fruto da situação "muito grave" por que passa a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos (SPAD) a actual direcção da instituição, presidida por Gonçalo Nuno dos Santos, decidiu tomar várias medidas para ultrapassar o actual cenário. Segundo referiu ao DIÁRIO, ainda este mês a SPAD vai reduzir, em cerca de 30%, o número de funcionários, irá também apresentar um plano geral de esterilização a alargar a toda a Região e não permitirá que mais contas fiquem pendentes, após usufruto dos serviços prestados.

De acordo com Gonçalo Nuno dos Santos, nos últimos tempos, a SPAD foi "admitindo pessoas com contrato de trabalho a termo certo, na perspectiva do crescimento e geração de receitas". "Só que não há maiores receitas e o caminho será para esse lado", disse, referindo-se à dispensa de pessoal, que rondará os 30%, o que equivale a cinco funcionários que estão agora a finalizar os contratos. Depois de consumadas as saídas, o trabalho será distribuído por quem ficar, explicou.
A par desta medida, a direcção clínica desta instituição está a elaborar um plano geral de esterilização a baixos custos, com o intuito de beneficiar a sociedade em geral e a própria SPAD e evitar que tenham de lidar com a eutanásia. "Nós não queremos lidar com a eutanásia, ela resulta de uma necessidade imperiosa", frisou, sublinhando que a direcção clínica terá de elaborar o plano em questão em 30 dias, para que assim possam ser evitados mais abandonos de cães e de gatos.
Por último, Gonçalo Nuno dos Santos revelou que não serão mais permissivos em termos de pagamentos e evitarão que as contas permaneçam pendentes na instituição. O presidente da SPAD disse ainda que, depois de aferir a situação da instituição, chegou à conclusão de que a situação é "muito grave" e que estas três medidas tinham de ser tomadas o quanto antes.

Para o responsável, as receitas nunca se reflectiram na SPAD uma vez que "os abandonos aumentaram cada vez mais, as adopções não cresceram" e visto que apenas duas autarquias da Região possuem canis municipais (Funchal e Porto Santo). "Muitos animais acabam na SPAD e isso levou a um aumento enormíssimo das despesas", continuou, apontando que, com mais animais, precisam de mais funcionários e, por sua vez, aumentam todas as despesas. "É como uma bola que foi crescendo", exemplificou.

O presidente reforçou também a necessidade de "reorganizar a SPAD". "A SPAD já tem 113 anos e eu não posso fazer o funeral da SPAD", desabafou, frisando que teme pelo futuro. Contudo revelou esperança. "Com estas medidas, vamos sobreviver", salientou, prevendo que, no final do ano, o cenário "estará muito melhor".
Campanha 'Um euro para a SPAD'

Com o intuito de angariar fundos, a direcção da SPAD está a preparar o lançamento de uma campanha ainda este mês, que deverá ser denominada 'Um euro para a SPAD', para que todos os madeirenses possam ajudar a instituição.

Embora ainda não tenha contactado com as instituições bancárias, a ideia passa por, no momento do pagamento de uma conta, ser feita uma transferência de um euro para a SPAD. Gonçalo Nuno dos Santos disse que tenciona que a campanha arranque ainda em Junho, já que "a SPAD está só".

O responsável frisou também que não condena o facto de empresas privadas não se associarem à causa da instituição. "A vida está difícil para todos, mas, com esta campanha, vamos ver como as pessoas colaboram", afirmou, referindo que, todos os dias, a instituição alimenta uma média de 300 animais.

As três medidas tomadas pela SPAD

1 - Redução do pessoal. Pelo menos 30% das pessoas com contrato a termo certo na SPAD, a terminar agora, serão dispensadas ainda este mês.
2 - plano de esterilização. A direcção clínica da instituição está a elaborar um plano geral de esterilização, a baixos custos, para mobilizar a população e com o objectivo de evitar que continue a haver mais abandonos de cães e de gatos.
3 - Sócios a pagar despesas. A SPAD não tolerará mais que permaneçam contas por pagar na instituição, resultado do usufruto de serviços que depois não são pagos. Direcção promete ser mais rigorosa, para bem da saúde financeira.
 
Fonte: dnoticias.pt

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